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Biden confirma prioridade climática e amplia isolamento negacionista do Brasil

Com a pior taxa de desmatamento dos últimos 12 anos e metas menos ambiciosas para o Acordo do Clima, Jair Bolsonaro perdeu a referência do trumpismo e caminha para acastelar cada vez mais o Brasil devido a sua política antiambiental

Biden confirma prioridade climática e amplia isolamento negacionista do Brasil

Biden deve enfrentar resistência de importantes setores da economia americana para cumprir com a extensa agenda ambiental planejada, que inclui um investimento de 2 trilhões de dólares

O discurso de posse do presidente Joe Biden confirmou mudanças de peso na política ambiental americana. Biden mencionou “o clima em crise” entre os maiores desafios à frente dos EUA, juntamente com a pandemia e o racismo estrutural, e deve anunciar nas próximas horas o retorno do país ao Acordo do Clima de Paris. Mas é urgente ir do discurso à prática, já que os EUA, atualmente segundo maior emissor mundial de gases de efeito estufa, possuem uma dívida ambiental histórica com o planeta —que se agravou ao longo dos últimos quatro anos do governo Trump.

Mesmo com maioria no Congresso, Biden deve enfrentar resistência de importantes setores da economia americana para cumprir com a extensa agenda ambiental planejada, que inclui um investimento de 2 trilhões de dólares [cerca de 10 trilhões de reais] em iniciativas para alcançar o crescimento econômico com redução de emissões.

“Os Estados Unidos viraram a página do negacionismo e do populismo. Os novos rumos da política americana são um sopro de esperança e precisam se transformar em ações o quanto antes. Já os governos negacionistas, como o de Jair Bolsonaro, ficarão cada vez mais pressionados e devem ser responsabilizados pelo desastre que provocam à humanidade”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

A postura do mandatário americano frente às questões ambientais representa também um isolamento ainda maior do Brasil no cenário internacional. Com a pior taxa de desmatamento dos últimos 12 anos e metas menos ambiciosas para o Acordo do Clima, Jair Bolsonaro perdeu a referência do trumpismo e caminha para acastelar cada vez mais o Brasil devido a sua política antiambiental, sob o risco de sofrer sanções das grandes economias mundiais e perder acordos importantes, além de investimentos essenciais para a recuperação econômica pós-pandemia.

“Sob Bolsonaro, o Brasil é visto hoje como um exemplo negativo dentro das discussões de clima. Lamentavelmente, viramos o problema de uma agenda que deveríamos liderar”, afirma Astrini.

Sobre o Observatório do Clima: rede formada em 2002, composta por 56 organizações da sociedade civil. Atua para o progresso do diálogo, das políticas públicas e dos processos de tomada de decisão sobre mudanças climáticas no país e globalmente.