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Carla Zambelli diz que vai se apresentar voluntariamente às autoridades italianas

“Quero mostrar meu compromisso com a Justiça italiana e fazer tudo dentro da legalidade. Respeito as leis brasileiras, mas não aceitarei mais os abusos cometidos por Moraes”, declarou.

Carla Zambelli diz que vai se apresentar voluntariamente às autoridades italianas

Carla Zambelli demonstrou temor quanto a uma eventual extradição. “Tenho receio, porque levo a sério a Justiça italiana. Mas confio em Deus, acredito que Ele não permitirá que isso aconteça”, disse.

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta sexta-feira (6) que pretende se apresentar voluntariamente às autoridades italianas, em meio ao processo que pode resultar em sua extradição para o Brasil. Com informações da CNN Brasil.

“Vou declarar os meus dados para pegar os documentos. Estou aqui de boa-fé, por conta de uma perseguição política. Vou provar isso”, disse a deputada. “Fui condenada sem provas. Na outra condenação, de cinco anos, foi ridícula, porque eu tinha porte legal. Eles me condenaram por porte ilegal. Quero provar isso aqui e buscar refúgio na Itália.”

Zambelli também afirmou respeitar a Justiça italiana, mas disse não reconhecer as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Quero mostrar meu compromisso com a Justiça italiana e fazer tudo dentro da legalidade. Respeito as leis brasileiras, mas não aceitarei mais os abusos cometidos por Moraes”, declarou.

Ela ainda demonstrou temor quanto a uma eventual extradição. “Tenho receio, porque levo a sério a Justiça italiana. Mas confio em Deus, acredito que Ele não permitirá que isso aconteça”, disse.

O ministro Alexandre de Moraes deve expedir na próxima segunda-feira (9) o mandado de prisão definitiva da parlamentar. Caso Zambelli seja detida na Itália e extraditada, deverá cumprir a pena de dez anos de prisão no Brasil e terá o mandato cassado.

Apesar da reza brava, Zambelli provavelmente será extraditada, conforme avaliação da ex-parlamentar italiana e advogada internacional Renata Bueno. De acordo com a especialista, a Constituição Italiana, em seu artigo 26, permite a extradição de cidadãos daquele país, salvo em casos de crimes políticos.

“A jurisprudência do caso Pizzolato demonstra que a cidadania não é um escudo automático. A Justiça italiana pode autorizar a extradição ou, alternativamente, iniciar um processo local com base nos crimes cometidos no Brasil, se estes forem reconhecidos pelo Código Penal italiano”, afirma Renata, ex-vereadora de Curitiba.

A advogada também destaca que Zambelli pode ser mantida detida na Itália: “Ambos os crimes podem ser agravados se houver danos ao serviço público. A inserção de mandados falsos no sistema do CNJ, como no caso de Zambelli, pode ser enquadrada nessas tipificações, o que abriria caminho para uma ação judicial na Itália”.

Nesta sexta-feira (6), a Primeira Turma do STF rejeitou, por unanimidade, o recurso da defesa de Zambelli, mantendo a condenação por invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão autoriza o início imediato da execução da pena.

O hacker Walter Delgatti, também condenado no caso, recebeu pena de oito anos de reclusão pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. O Supremo determinou que ele e Zambelli paguem, solidariamente, uma indenização de R$ 2 milhões.

A perda do mandato da deputada será efetivada após o trânsito em julgado da ação, quando não houver mais possibilidade de recurso.

Na última quarta-feira (4), Moraes decretou a prisão preventiva de Zambelli, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), com base nas declarações da parlamentar sobre sua saída do Brasil e a intenção de buscar refúgio na Itália.