
Segundo Camila, a letalidade policial vinha caindo nos últimos anos, mas voltou a crescer no início da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem defendido as ações da PM e questionado medidas como o uso de câmeras corporais nos uniformes dos agentes.
O tabloide inglês ‘The Sun’ publicou neste domingo (16) uma reportagem em que classifica a Polícia Militar de São Paulo como a “força policial mais perigosa do mundo”. A matéria traz uma entrevista com Camila Asano, diretora-executiva da Conectas, e destaca casos recentes de violência policial no estado.
Na entrevista, ela cita casos que agravaram a crise na segurança pública paulista, como a morte do menino Ryan da Silva Andrade, de 4 anos, durante uma ação da PM em Santos. Outros episódios mencionados incluem o assassinato do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, na portaria de um hotel na Vila Mariana, e o caso de um homem jogado de uma ponte por um policial na Zona Sul da capital.
Segundo Camila, a letalidade policial vinha caindo nos últimos anos, mas voltou a crescer no início da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem defendido as ações da PM e questionado medidas como o uso de câmeras corporais nos uniformes dos agentes.
A diretora da Conectas também responsabiliza o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, pelo aumento da violência policial. Em um áudio revelado pela Ponte Jornalismo em 2015, ele afirmou que é “vergonhoso” para um policial não ter ao menos “três ocorrências” por homicídio no currículo.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) afirmou que “reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e a responsabilização de eventuais desvios de conduta por parte das forças de segurança”. Desde 2023, segundo a pasta, 465 policiais foram presos e 335 demitidos ou expulsos.
A SSP também afirmou que tem investido em capacitação dos agentes e na adoção de equipamentos de menor potencial ofensivo, como armas de incapacitação neuromuscular. Segundo a nota, todas as mortes decorrentes de intervenção policial são rigorosamente investigadas, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Em relação ao caso do menino Ryan, a SSP informou que as investigações estão em andamento sob sigilo, conduzidas pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos. A Polícia Militar concluiu um Inquérito Policial Militar (IPM), que foi relatado à Justiça Militar, e os agentes envolvidos estão afastados.
Sobre a morte do estudante de medicina, a SSP informou que o inquérito conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) já foi relatado à Justiça, com pedido de prisão preventiva do autor por homicídio doloso eventual. No âmbito militar, o policial também foi indiciado em IPM pelo mesmo crime e está afastado das funções.