Em visita ao Cairo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou, nesta quinta-feira (10), a importância da aproximação entre Brasil e Egito e realizou críticas ao avanço da guerra entre Israel e o Hamas. Lula participou de uma reunião na sede da Liga dos Estados Árabes (LEA).
“Queria dizer da importância desse encontro entre Brasil e Egito num momento importante para o mundo. No momento em que deveríamos falar em aumento da produção de alimentos, estamos falando da insanidade da guerra. A guerra não traz benefício para ninguém. Os países membros do conselho de segurança da ONU deveriam ser pacifistas, mas são os que iniciaram as últimas guerras”, disse o presidente brasileiro.
“O Brasil condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Chamamos o ato de terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra”.
“O Brasil condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Chamamos o ato de terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais… pic.twitter.com/9zW92pQ3kL
— GloboNews (@GloboNews) February 15, 2024
Lula também enfatizou o retorno do território brasileiro ao cenário diplomático global. Segundo o petista, o Brasil voltou a olhar para os outros países do mundo e não “apenas para a Europa e para os EUA”.
“Tenho a satisfação de voltar ao Cairo 20 anos depois de ter sido o primeiro presidente brasileiro a visitar o Egito. Parece que o Brasil estava fora do mundo, só olhava Europa e Estados Unidos. Retorno agora para celebrar o centenário do estabelecimento de relações diplomáticas entre nossos países. Hoje, como em 2003, minha visita tem por objetivo aproximar o Brasil dos países da África e do Oriente Médio e as relações com o Egito ocupam papel singular nessa estratégia”, afirmou.
Brasil e Egito também assinaram dois atos. O primeiro é um memorando de entendimento entre o Ministério do Ensino Superior, Pesquisa Científica da República Árabe do Egito e do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação do Brasil sobre cooperação no âmbito da ciência e tecnologia e inovação. O segundo foi um protocolo para exportação de carnes e produtos do Brasil para o Egito.
“O Egito é hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil na África, com intercâmbio bilateral que chega a 2,8 bilhões de dólares. Nossos países já se beneficiam do Acordo Mercosul-Egito, que entrou em vigor em 2017. Para avançar agora na maior integração entre nossos empresários, propus a negociação de Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos”, afirmou.
“Assinamos, nesta visita, importantes acordos nas áreas de ciência e tecnologia e agricultura, que contribuirão para o desenvolvimento de áreas estratégicas. A entrada em vigor do acordo no setor aéreo permitirá voos diretos Brasil-Egito e favorecerá maior intercâmbio entre nossos países”.
O atual chefe de Estado brasileiro também afirmou que Brasil retornou a demonstrar apoio a criação de uma Zona Livre de Armas no Oriente Médio – iniciativa encabeçada pelo Egito. Lula também disse que conta com o apoio egípcio “para fazer da presidência brasileira no G20 um sucesso”.
“O Brasil voltou a apoiar a iniciativa egípcia de criação de uma Zona Livre de Armas no Oriente Médio, à semelhança do que já existe na América Latina. No G20, contamos com o apoio do Egito para fazer da presidência brasileira um sucesso, em especial nas duas iniciativas que vamos lançar: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima”, declarou.
Agenda de Lula
Após sua estadia na capital egípcia, o presidente seguirá para a Etiópia, onde terá compromissos de sexta-feira a domingo. Em Adis Abeba, Lula participará como convidado da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que reúne as 55 nações africanas.
Tanto a Etiópia quanto o Egito são membros do Brics, um bloco inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ao qual também se juntaram Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes. Esta será a segunda visita de Lula ao continente africano durante seu mandato atual. No ano anterior, o presidente visitou a África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe.