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Lula participa da celebração dos 49 anos da Revolução dos Cravos

Durante o pronunciamento de Lula, parlamentares do partido de extrema-direita Chega promoveram um protesto para interromper o discurso após uma salva de palmas ao petista. Eles seguravam cartazes com ataques ao chefe do Executivo brasileiro.

Lula participa da celebração dos 49 anos da Revolução dos Cravos

A data comemora a Revolução dos Cravos, que marcou a queda da ditadura de Portugal.

Na manhã desta terça-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao parlamento português para a comemoração do 49º aniversário de 25 de abril de 1974. A data comemora a Revolução dos Cravos, que marcou a queda da ditadura de Portugal.

Durante o pronunciamento de Lula, parlamentares do partido de extrema-direita Chega promoveram um protesto para interromper o discurso após uma salva de palmas ao petista. Eles seguravam cartazes com ataques ao chefe do Executivo brasileiro.

O presidente do Parlamento, Santos Silva, cobrou respeito. “Chega de insultos, chega de envergonhar as instituições, chega de envergonhar o nome de Portugal”, disse o parlamentar português.

O mandatário a chegou a Portugal na sexta-feira (21). Após cumprir agenda no país, o petista irá à Espanha, onde tem encontro previsto com empresários e centrais sindicais espanholas.

Vale destacar que essa é a primeira viagem de Lula à Europa neste terceiro mandato. Nos últimos meses, o presidente já visitou Argentina, Uruguai, Estados Unidos, China e Emirados Árabes.

Confira também a íntegra do discurso de Lula:

Foi com muita alegria que recebi o convite do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa para realizar esta visita de Estado a Portugal, coincidindo com a celebrações do 25 de abril.

Nos últimos dias, tive aqui em Portugal a inconfundível sensação de estar em casa, sentimento que, acredito, é compartilhado por todos os brasileiros que visitam Portugal e todos os portugueses que visitam o Brasil.

O 25 de Abril permitiu que Portugal desse um verdadeiro salto para o futuro. O movimento iniciado pelos Capitães de Abril há exatos 49 anos reconquistou as liberdades civis, a participação política dos cidadãos, a democratização política, os direitos trabalhistas e a livre organização sindical, criando as bases para o desenvolvimento econômico com justiça social. É isso que hoje estamos recordando e celebrando.

Do outro lado do Atlântico, nós brasileiros assistimos, com admiração e esperança, a Revolução dos Cravos dar origem a uma vibrante democracia parlamentar, com as impressionantes conquistas políticas e sociais alcançadas desde então.

O êxito de nossos irmãos portugueses nos mostrava que, em breve, seria a vez de nós brasileiros iniciarmos nossa jornada rumo à reconquista da liberdade e da democracia. Enquanto em Portugal desmontava-se o aparelho repressivo a partir de 1974, nós no Brasil ainda enfrentávamos as prisões políticas, os sequestros e assassinatos de operários, jornalistas e militantes, perpetrados pela ditadura.

Chico Buarque, cuja inigualável sensibilidade poética pudemos finalmente homenagear ontem na cerimônia de entrega do Prêmio Camões, retratou esse momento na canção “Tanto Mar”, de 1975, que diz:

“Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente

E colher pessoalmente
Uma flor do seu jardim
Sei que há léguas a nos separar,
Tanto mar, tanto mar,
Sei também quanto é preciso, pá.
Navegar, navegar.”