O governo do Talibã do Afeganistão divulgou, nesta sexta-feira (03), um decreto sobre os direitos das mulheres que dizia que as mulheres não deveriam ser consideradas “propriedade” e deveriam consentir no casamento, mas não mencionou o acesso feminino à educação ou trabalho fora de casa.
O Talibã está sob pressão da comunidade internacional, que em sua maioria congelou fundos para o Afeganistão, a se comprometer com a defesa dos direitos das mulheres desde que o grupo islâmico linha-dura assumiu o país em 15 de agosto.
“Uma mulher não é uma propriedade, mas um ser humano nobre e livre; ninguém pode dá-la a ninguém em troca de paz … ou para acabar com a animosidade”, disse o decreto do Talibã, divulgado pelo porta-voz Zabihillah Muhajid.
O texto estabelece que as mulheres não deveriam ser forçadas ao casamento e as viúvas deveriam ter parte na propriedade de seu falecido marido.
Os tribunais devem levar em consideração as regras ao tomar decisões, e os ministérios de assuntos religiosos e de informação devem promover esses direitos, disse o decreto.
No entanto, não mencionou que as mulheres podem trabalhar ou ter acesso a instalações fora de casa ou à educação, o que tem sido uma grande preocupação da comunidade internacional.
Durante seu governo anterior, de 1996 a 2001, o Talibã proibiu as mulheres de saírem de casa sem um parente do sexo masculino, cobrindo o rosto e a cabeça e as meninas de receberem educação.
O Talibã afirma que mudou e foi permitida a abertura de escolas de ensino médio para meninas em algumas províncias. Mas muitas mulheres e defensores dos direitos permanecem céticos.
A comunidade internacional, que congelou bilhões em fundos do banco central e gastos com desenvolvimento, fez dos direitos das mulheres um elemento-chave de qualquer compromisso futuro com o Afeganistão.
O país, que também está sofrendo com uma crise de liquidez bancária à medida que o fluxo de caixa seca devido às sanções, enfrenta o risco de colapso econômico desde que o Talibã assumiu o controle.