
Operação Nidaid Isquim, que busca combater a atividade ilegal na região no rio Jandiatuba e adjacências.
Uma operação da Polícia Federal (PF) e de outros órgãos já destruiu 16 dragas de garimpo no Vale do Javari, no interior do Amazonas. Em 2022, a região ficou em evidência após os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Considerado um dos maiores territórios indígenas do país, localizado no extremo oeste do estado, o Vale do Javari é constantemente impactado pelo garimpo ilegal.
Desde a última quinta-feira (24), a Polícia Federal, em conjunto com o Ibama, com a Funai e com a Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari, realiza a operação Nidaid Isquim, que busca combater a atividade ilegal na região no rio Jandiatuba e adjacências.
Nos primeiros dias da operação, 16 dragas e diversos maquinários foram destruídos. A PF investiga e busca identificar os líderes e financiadores do garimpo no local, além da ligação com o crime organizado.
De acordo com o superintendente do Ibama Amazonas, Joel Araújo, desde 2023, 1.263 dragas de garimpo foram destruídas no estado. Ele ressalta que a atividade criminosa causa graves impactos ambientais e sociais na região, que abriga cerca de sete mil indígenas, considerada a maior população indígena isolada do mundo.
“É importante sempre lembrar das consequências ambientais do garimpo ilegal, principalmente nos nossos rios, com a contaminação da água e dos peixes, que são a principal fonte de alimentação das comunidades indígenas, e os problemas sociais decorrentes, que são das mais diversas formas, com violência, agressão, expulsão de indígenas das suas terras, abuso sexual e uma série de questões trabalhistas também que são negadas aos trabalhadores do garimpo”, alertou Joel.
A operação no Vale do Javari continua até o dia 1º de maio.
O Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do Brasil, com cerca de 8,5 milhões de hectares. Ela concentra a maior população de indígenas isolados do mundo. A região foi o local onde foram assassinados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, em 2022.
Em janeiro, a Funai divulgou imagens inéditas de povos isolados na Terra Indígena (TI) Massaco, em Rondônia, feitas durante expedições de monitoramento em 2024.
Segundo a Funai, atualmente há nove referências confirmadas de grupos isolados e outras cinco em estudo.
Na região também vivem aproximadamente sete mil indígenas de etnias como os Matis, Matsés, Mayoruna, Marubo, Kanamary, Kulina Pano, Korubo e Tshom Dyapa.
Entre janeiro de 2023 e agosto de 2024, as ações de combate ao garimpo ilegal na região resultaram em mais de R$ 15 milhões em multas aplicadas, 98 dragas de garimpo destruídas, 67 armas e 70 embarcações apreendidas ou inutilizadas, além da apreensão de animais silvestres e de 322 toras de madeira.