A Polícia Civil de Mato Grosso prendeu dois policiais militares suspeitos de atirarem a esmo em um grupo de cerca de dez pessoas em situação de rua em Rondonópolis (MT) —dois morreram e outros dois ficaram feridos. O caso aconteceu na última quarta-feira (27).
Na audiência de custódia, a juíza Maria Mazarelo Farias Pinto manteve ontem (30) a prisão temporária de 30 dias dos PMs. Os suspeitos não estavam a serviço no momento do crime.
A Defensoria Pública vê crime de ódio como motivação porque os indícios são de que as vítimas foram mortas pelo simples fato de estarem em situação de rua.
Dois dias depois do Natal, na madrugada de quarta, dois homens dentro de um carro atiraram contra o grupo que estavam na frente do Centro de Referência para Atendimento à População de Rua.
O local costuma ter de dez a 15 pessoas na madrugada, esperando a abertura da unidade, a fim de poderem tomar banho ou obterem documentos.
Segundo a Polícia Civil, os autores do crime são o cabo Cássio Teixeira Brito, que possuía o carro, e Elder José da Silva, integrante do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
Eles só foram presos na sexta-feira (29). Teixeira estava no quartel. Silva, que estava de férias, se apresentou à delegacia.
As vítimas mortas foram Odnilson Landvoigt, 41, e Tiago Rodrigues Lopes, 37.
Os feridos foram William Ferreira Oliveira Filho, 25, e Oziel Ferle, 35.
A advogada de Teixeira, Wdneia Oliveira, disse que o cliente não confirma e nem nega a autoria do crime, mas que não comentaria detalhes do que houve na madrugada. Ainda assim, ela refutou a suspeita de que o cabo estivesse bêbado ou tenha escondido a arma do crime.
A Polícia Civil tinha que produzir provas para descobrir quem é o autor, não induzindo que as provas vão provar que o Cássio [Teixeira] é o autor. Isso é ruim.Wdneia Oliveira, advogada do cabo Teixeira
A advogada de Elder Silva, Jania Mikaelle Godoay, afirmou que ele comentará “em momento oportuno”.
Destaco ainda que, embora as acusações sejam demasiadamente graves, Elder [Silva] não responde a qualquer ação penal, inquéritos, procedimentos administrativos ou mesmo ostenta punições disciplinares ao longo dos anos desempenhando a atividade militar.Jania Mikaelle Godoy, advogada de Silva
O delegado Thiago Garcia diz que o PM Cássio Teixeira é suspeito de ter se desfeito da arma usada no crime, possivelmente uma pistola 9 mm, mesmo modelo usado pela Polícia Militar em MT.
Testemunhas afirmaram que os suspeitos já chegaram atirando, sem fazer qualquer abordagem.