O general Eduardo Pazuello, militar que comandou o Ministério da Saúde no período mais grave da pandemia da Covid-19, vai tentar se aproveitar da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição para conseguir uma vaga na Câmara dos Deputados. Pazuello se filiou ao PL na sexta-feira (1º) para concorrer nas eleições de outubro.
Pazuello deixou o ministério da Saúde em março de 2021, quando o Brasil contava 279.602 mortes em decorrência da Covid em pouco mais de um ano de pandemia, mas seguiu recebendo salários no governo Federal. Quatro meses após sair da Saúde, ele assumiu a função de secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. A remuneração de R$ 9 mil era somada aos R$ 21 mil que recebia por ser general do Exército Brasileiro.
O ex-ministro foi para a reserva remunerada em março, já com planos de concorrer à Câmara do Deputados.
Pazuello esteve entre os 11 acusados pela CPI do Genocídio de terem cometido crimes contra a humanidade durante a pandemia da Covid-19.
Sob seu comando, a Saúde viu o país adotar medidas esdrúxulas de combate à pandemia, assistiu a centenas de milhares de mortes pela Covid-19 e viveu os horrores da crise do oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021, quando pacientes morriam asfixiados porque os hospitais não receberam suprimentos de oxigênio por parte do Ministério encabeçado por Pazuello, que já tinha sido informado sobre o iminente caos que se avizinhavam na capital amazonense.
Assim como o presidente Jair Bolsonaro, Pazuello foi acusado de ter cometido crimes contra a humanidade em três modalidades: extermínio, perseguição e outros atos desumanos. O caos em Manaus, a utilização da população como cobaias de um tratamento ineficaz com hidroxicloroquina e à inassistência de povos indígenas foram os episódios em que a CPI viu conduta delitiva do ex-ministro.