O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) reafirmou, nesta terça-feira, 1, à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, que a médica Nise Yamaguchi sugeriu a mudança da bula da cloroquina por meio de decreto presidencial, com o objetivo de usar o medicamento ineficaz no tratamento da Covid-19.
Segundo Mandetta, ele encontrou a médica bolsonarista no dia 6 de abril de 2020 no Palácio do Planalto, quando ela sugeriu a mudança da bula para incluir a Covid-19 na lista de doenças para as quais servem o medicamento.
“Eu fui ao Palácio do Planalto, era o dia em que eu seria demitido [conforme anunciavam os jornais]. A Nise estava lá com outro médico, um cardiologista. Estavam como urubu na carniça”, afirma ele.
Em depoimento à CPI da Covid, nesta terça, Nise negou que tenha feito a proposta.
Mandetta, no entanto, relembrou que “cheguei no Planalto e o Braga Netto me disse ‘temos que subir para o quarto andar, tem uns médicos lá'”.
“Entrei na sala e estava ela. Perguntei: ‘Qual é o seu nome?’. E ela: ‘Nise Yamaguchi’. Falei: ‘Ah, você é a Nise'”, relembra o ex-ministro, que destacou também a presença do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, e do então chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e do então secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, na reunião.
“O Barra Torres ficou indignado e disse que a Anvisa não permitiria aquilo”, afirmou Mandetta à Folha. O médico foi demitido do Ministério da Saúde no dia 16 de abril por se negar a defender a cloroquina como medicamento contra a Covid-19.