A deputada Carla Zambelli (PL), integrante fervorosa do bolsonarismo raiz de extrema direita, não hesitou um flash de segundo de jogar no colo do prefeito David Almeida a mais dura e desesperadora crise gerada pela pandemia do coronavírus no Brasil.
Ao ser indagada no dia 1º de Maio, na Avenida Paulista, por um jovem identificado pelo nome de Victor Carazzatto, sobre a culpa pela falta de oxigênio em Manaus, Zambelli foi rápida no gatilho e como Bairry Allen, personagem do The Flash, disparou: “a culpa foi de Manaus”. Ora, se Manaus tem prefeito é claro que, segundo avaliação de Zambelli, a culpa é do David Almeida que anda entalado com Bolsonaro na garganta.
A resposta de Carla Zambelli, na realidade, foi de imediato desmentida pelo jovem Victor que, durante a corajosa entrevista, cercado pela ala mais radial do bolsonarismo, a chamou de mentirosa várias vezes.
Ver vídeo
Para entender
O triste episódio de janeiro de 2021, amplamente divulgado pelo Brasil e pelo Mundo, não deixe dúvida de que o governo federal sabia do “iminente colapso do sistema de saúde” do Amazonas por conta do novo coronavírus dez dias antes de a crise estourar.
A informação sobre a crise faz parte de um ofício encaminhado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento, a AGU diz que o Ministério da Saúde fez reuniões entre os dias 3 e 4 de janeiro com autoridades locais, quando detectou que o sistema de saúde do Amazonas estava à beira do colapso. No dia 14, faltou oxigênio hospitalar no estado, afetando pacientes internados em UTIs.
O documento menciona que dez dias antes de a crise se agravar, o governo foi informado por autoridades locais sobre a situação crítica no estado. O documento detalha que o governo já havia detectado a possibilidade de um colapso no estado.
O documento diz ainda que o Ministério da Saúde foi informado no dia 8 de janeiro sobre a iminente escassez de oxigênio para os hospitais de Manaus.
O alerta foi feito por e-mail pela White Martins, principal fornecedora de oxigênio hospitalar no Amazonas. O e-mail, que também havia sido enviado para a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), detalhava os motivos da escassez.
No dia 14 de janeiro, a situação ficou insustentável. Faltou oxigênio em diversos hospitais da cidade. Diante da crise, o governo estadual decretou toque de recolher e o governo federal anunciou a transferência de pacientes do Amazonas para outros estados.