*Por Francisco Praciano – O ambiente eleitoral do Amazonas é preocupante. Sem eufemismo, preocupante e entristecedor mesmo. Às vezes penso em me candidatar de novo, por achar que poderia colaborar ainda por uns dois mandatos. Tenho saúde, mais maturidade e mais experiência.
Sinto que faria , hoje, um mandato melhor do que os de ontem. Até porque numa conjuntura de reconstrução de Direitos perdidos, de recuperação econômica, de aperfeiçoamento democrático, de soberania ameaçada, a pauta e agenda políticas são mais ricas e estimulantes. O campo de luta da política está fértil e motivador.
Bater no Bolsonaro é mais fácil que empurrar bêbado em ladeira. O governo do Bolsonaro oportuniza muitas lutas interessantes e imprescindíveis pra quem está com o povo.
Mas, me espanta a consciência popular. O eleitor sempre se espantou com o político. E eu , como político , estou me assustando com o político e, também, com o eleitor. É esse o cenário que me preocupa e me desestimula. Acho que, em última instância, o político deveria sempre ser uma criação do povo.
No Amazonas, o contrário acontece. Wilson Lima é que criou o eleitor. A TV e o Rádio sempre foram máquinas de fabricar eleitores. E assim criamos Josué, Nonato de Oliveira, irmãos Carlos e Wallace, Plínio Valério, Sabino mulher e filho. Através do Rádio e Televisão se apresentaram como legítimos representantes do povo, se vestiram e se maquiaram de povo e , destarte, se fizeram Governador, Senador, Dep. Estaduais, Federais e Vereadores.
Um outro engenho de criar eleitor é o Populismo em parceria com o Fisiologismo. Essa poderosa arma promiscui a consciência coletiva e faz mitos e, desta forma, os mitos, caciques e coronéis políticos se fazem Governadores e poderosos na política.
Este método criou até dinastia política poderosa no Amazonas. A dinastia do mito Gilberto Mestrinho perdura da década de cinquenta até a CPI da Covid, dirigida incoerentemente por um dos seus netos políticos.
Membros desta Dinastia têm participado do golpe da Dilma, do fim da CLT, do fim da aposentadoria popular, da PEC da morte, da PEC dos precatórios, das privatizações, da eleição do Bolsonaro, da venda do pré-sal e participado de tudo quanto não presta pro povo.
Outra forma de chegar e se aproximar do poder político é se fazer herdeiros desses poderosos caciques. Uma outra forma de chegar ao poder politico é ser uma criação do eleitor. É pelo voto consciente e honesto. Um método nobre.
Goste ou não deles , são exemplos de políticos criados pelo povo, Beth Azize, Mario Frota, Fabio Lucena, Serafim Corrêa, Ricardo Moraes, Vanessa Grazziotin, Jeferson Peres, Praciano, João Pedro, Zé Ricardo…E poucos outros que minha memória não me indica no momento.
Os políticos eleitos pelo Populismo e pelos meios de comunicação são patrocinados pelo orçamento público.
A corrupção e outros vícios políticos patrocinam e recompensam régia e sobejamente este processo que eles juram ser Democracia pura.
Em síntese, nunca vi políticos criados por esses métodos aéticos, se dedicarem a causas populares.
Alguém já viu esses políticos votando ou gritando pelos Direitos trabalhistas? Pelo negro, pelo índio, pelo pobre, pelos
LGBTs, pelas mulheres, contra os desmatamentos, contra as queimadas, pela distribuição de Renda….
Só quem tem essa pauta são os políticos criados pelo povo. Mas foram políticos de parlar, de gritar. Não passaram do parlamento. O povo não lhes deu a caneta do executivo pra fazer.
Como resultado, temos um governador cujo único currículo é o de ter um programa de TV para enganar e imbecilizar o povo. Resultado, temos um governador cuja administração nos insulta , ousa e se atreve nos enganar, comprando respiradores em casa de vinho.
David Almeida, de de cujo currículo político não se pode falar porque inexiste, a não ser o de ter sido motorista do Governador Braga, da dinastia Gilberto.
Resultado, substituiu o Governador MELO, afastado por suspeita de corrupção e desvios milionários da saúde, e se fez, também, suspeito pelas mesmas práticas, copiando-o.
Pra completar o cenário político do Amazonas, um outro sujeito importantíssimo no processo político, o eleitor, me parece continuar com um nível de consciência política muito fraca.
Nosso eleitor, infelizmente, não cria políticos. Ele se submete ao jogo fisiológico e midiático do político.
Há anos digo que o eleitor promoverá um grande salto de qualidade na política quando, invertendo o jogo, aprender enganar o político.
A eleição fácil do Wilson Lima, filhote de TV, do David, filhote da Dinastia e a eleição folgada do Bolsonaro, filhote do diabo, são indicativos das minhas ligeiras assertivas. Isso me afasta das competições políticas.
Nesse cenário, não tem espaço pra mim, não tem eleitor pra me criar ou recriar. E fazendo auto-critica, acho que não mais tenho voto pra grandes competições.
Para as pequenas me falta humildade pra aceitar. Cansei dos cargos que só gritam. Quero os cargos que fazem, que realizam, que matam a fome, que faz escolas, postos de saúde… Quero cargos que mudam as coisas. Se não dá, paciência!!
*FRANCISCO PRACIANO-PT/A