O agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) falou publicamente pela primeira vez desde a decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que definiu sua cassação nessa terça-feira (16/5).
Em discurso no Salão Verde da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (17/5), o Dallagnol afirmou que sua inelegibilidade é uma “invenção”. “Inventaram uma inelegibilidade para mim. O Lula está em festa, o Aécio Neves está em festa, Eduardo Cunha está em festa. A corrupção está em festa. Eu perdi meu mandato porque combati a corrupção”, atacou.
Os ministros da Corte consideraram que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador do Ministério Público para escapar de julgamento, no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que poderia impedi-lo de concorrer às eleições de 2022. Assim, os magistrados consideraram que o ex-procurador da Lava Jato fraudou a aplicação da lei.
Ao longo do discurso no Salão Verde, Dallagnol fez críticas ao TSE, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao presidente Lula. O ex-deputado afirmou que a decisão da Corte foi fruto de “vingança” por sua atuação contra Lula na Operação Lava Jato.
“Eu fui cassado por vingança. Fui cassado porque eu ousei me unir quando eles conseguiram me cassar, liderados por um ministro que, na diplomação do Lula, falou: ‘Missão dada, missão cumprida’”, afirmou, referindo-se ao ministro Benedito Gonçalves, do TSE, relator do caso que levou a sua cassação.
Ele ainda reforçou que a cassação resulta de uma ação movida pelo Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula. “Conseguiram que sete ministros superassem todos os pareceres de decisões unânimes exteriores, liderados por um ministro, Alexandre de Moraes”, reclamou, numa crítica direta ao TSE.
“Hoje o sistema de corrupção implementa sua vingança. Tem muitos poderosos envolvidos nesse esforço. Grandes políticos, inclusive parlamentares. Um presidente da República condenado por corrupção e descondenado em uma decisão política do Supremo Tribunal Federal”, destacou o ex-procurador, que ainda disse ser vítima de uma “inversão de valores”.
“Aécio Neves tem mandato. Hoje Beto Richa tem mandato. Hoje Lula tem mandato. Agora, quem combateu a sua corrupção perde o mandato. Nós vivemos no país a inversão de valores, em que o policial é punido por punir corretamente o ladrão”, observou.
Apoio de bolsonaristas
No Salão Verde, Dallagnol foi ladeado por diversos deputados bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Rosângela Moro (União-SP), além da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
“Não estou aqui por um cargo, mas por um propósito. Todo tombo doi, mas não vou desistir. (…) Hoje é um novo começo para minha voz, todos que lutam contra a quebra da liberdade e pela democracia, peço que se reergam desse tombo comigo. (…) Não vamos permitir que o governo siga praticando desmandos e corrupção”, finalizou Deltan Dallagnol.