
“Ainda que seja injusta a decisão, eu sigo a lei. Se acontecer a prisão, vou me apresentar. Mas, hoje, não me vejo capaz de ser cuidada da forma que preciso (presa). Estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia. Vamos apresentar isso também em momento oportuno”
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta quinta-feira (15), durante coletiva de imprensa em São Paulo, que “não sobreviveria na cadeia”, citando problemas graves de saúde que, segundo ela, tornam inviável o cumprimento da pena de 10 anos de prisão a que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ainda que seja injusta a decisão, eu sigo a lei. Se acontecer a prisão, vou me apresentar. Mas, hoje, não me vejo capaz de ser cuidada da forma que preciso (presa). Estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia. Vamos apresentar isso também em momento oportuno”, disse ela.
Zambelli alegou ser portadora de condições clínicas como depressão, síndrome de Ehlers-Danlos, enfermidades cardíacas e episódios de desmaios. A defesa, liderada pelo advogado Daniel Bialski, prepara um pedido de prisão domiciliar, com base em laudos médicos que comprovariam a gravidade de seu estado de saúde.
Na tentativa de reverter a condenação, Zambelli planeja repetir a estratégia adotada no caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que teve uma ação penal suspensa pela Câmara. De acordo com ela, já há movimentações favoráveis entre os parlamentares, incluindo um suposto aval do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), transmitido por meio do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Apesar de poucas manifestações públicas, a deputada disse ter recebido ligações de apoio, incluindo da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Durante a coletiva, a parlamentar classificou a condenação como injusta e apresentou à imprensa um dossiê com questionamentos às provas reunidas no processo. O caso julgado pelo STF aponta que Zambelli teria contratado o hacker Walter Delgatti para inserir documentos falsos no sistema do CNJ.
Segundo a acusação, os arquivos foram acessados por ela segundos após serem criados. A investigação também identificou repasses de R$ 13,5 mil ao hacker, pagos com recursos da cota parlamentar e por meio de assessores do gabinete.
A condenação da deputada foi decidida de forma unânime pela Primeira Turma do Supremo, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A defesa contesta a legalidade do julgamento, apontando ausência de sustentação oral e acusando cerceamento de defesa. Também afirma que Delgatti foi contratado exclusivamente para serviços de tecnologia, que nunca chegaram a ser prestados.