Por Ademir Ramos – Tudo consumado. O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) foi reeleito para o Governo do Estado com 56,65% dos votos válidos no 2º turno das eleições 2022.
Quando eleito, em 2018 pela primeira vez, Wilson Lima (PSC) tinha apenas 42 anos sem nenhuma inserção na política partidária ou governamental apenas vinculado a um canal de televisão, catalisando visibilidade popular em Manaus.
A vitória deste jovem comunicador contextualizada na emergência da política no Amazonas só pode ser compreendida a partir da rejeição dos eleitores contra a mesmice dos seus adversários que pouco ou nada fizeram para inovação de suas práticas quanto à formulação e efetivação de políticas públicas centrada num planejamento indutor para o desenvolvimento local articulado com as agências multilaterais e com a economia política globalizada.
A conjuntura lhe foi favorável reunindo em sua aba um grupo de sustentação capaz de enfrentar o poderio econômico tradicional. Feito os acertos convenientes para o enfrentamento das urnas, Wilson Lima foi legitimamente escolhido Governador do Amazonas.
No curso do seu mandato deparou-se com graves problemas e sem muito conhecimento de causa, talvez por interesses oblíquos, foi atropelado por suas próprias determinações desprovidas dos amparos legais necessários para o ordenamento do seu governo.
Entre outros embates consta a denúncia feita pelo Ministério Público Federal, acolhida pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, contra o governador Wilson Lima e outras 12 pessoas do seu governo por supostos crimes cometidos na compra de ventiladores pulmonares para o tratamento de Covid-19.
Por unanimidade, os ministros acompanharam o voto do relator, ministro Francisco Falcão, no sentido de processar o governador e demais acusados pelos crimes de dispensa de licitação sem observância das formalidades legais, fraude em licitação por aumento abusivo de preços e sobrepreço, peculato e organização criminosa, o processo encontra-se em curso podendo voltar a pauta a qualquer momento.
REELEITO: A reeleição do governador do Amazonas traz muitas ranhuras entre elas o apoio declarado a Bolsonaro, considerando que Lula foi o mais votado no Amazonas e o eleito pelos brasileiros para governar os próximos quatro anos. De qualquer modo é mais um desafio a ser vencido amparado nos valores republicanos, devendo ser superado com apoio de sua bancada no Congresso Nacional e com a participação dos partidos que fizeram parte de seu arco de alianças.
O eleito deve governar, não mais como um aspirante, mas como um agente político comprometido com a defesa intransigente dos direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, da Zona Franca de Manaus, da preservação da Amazônia e das plataformas de políticas públicas devidamente assentadas no Planejamento de Governo com prioridades definidas quanto ao combate a desigualdade social, promovendo trabalho, emprego e renda.
A reinvenção da política é um dever, em não fazendo Wilson Lima será certamente abatido pela mesmice e pelo desencanto dos eleitores que em breve estarão presentes nas urnas votando para os mandatários municipais e para as bancadas de vereadores dos municípios do Estado.
O desafio está posto. Mas, no meio do caminho tem uma pedra a ser removida.