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“Ladrãozinho”, “invasor” e “sem vergonha” marcaram o debate na Gazeta para prefeito de São Paulo

Mais uma vez, o debate teve como marca registrada a troca de ofensas pessoais e acusações entre os concorrentes, além da falta de detalhamento e profundidade das poucas propostas apresentadas.

“Ladrãozinho”, “invasor” e “sem vergonha” marcaram o debate na Gazeta para prefeito de São Paulo

Datena foi chamado de “fujão” por Marçal, por não ter comparecido ao debate anterior, e recebeu o contra-ataque, sendo acusado de “picareta” e “vagabundo”. Marçal, por sua vez, se referiu a Ricardo Nunes como “bananinha” e foi chamado de “mentiroso”.

A pouco mais de 1 mês do primeiro turno das eleições municipais, que acontece no dia 6 de outubro, os 5 principais candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) se reencontraram em um debate promovido pela TV Gazeta e pelo canal MyNews, na noite de domingo (1º).

Se o eleitor esperava que Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) deixassem o clima bélico dos debates anteriores de lado e focassem em propostas para a maior cidade do Brasil, a frustração foi inevitável.

Mais uma vez, o debate teve como marca registrada a troca de ofensas pessoais e acusações entre os concorrentes, além da falta de detalhamento e profundidade das poucas propostas apresentadas. Dos 4 debates realizados até agora na campanha em São Paulo, este foi o mais desqualificado e o que teve o maior número de pedidos de direitos de resposta por ofensas.

O encontro na sede da TV Gazeta, na Fundação Cásper Líbero, teve como novidade o retorno de Boulos, Nunes e Datena – que não compareceram ao último encontro entre os candidatos, no debate promovido pela revista Veja, em parceria com a ESPM, em 19 de agosto.

Na ocasião, embora tenham alegado outros compromissos de agenda, os três candidatos decidiram se ausentar para não dar palanque a Pablo Marçal, que tem monopolizado as atenções pela virulência com que trata os adversários. Naquele debate, participaram apenas Tabata, Marina Helena (Novo) e o próprio Marçal.

Como se esperava, o grande alvo dos candidatos no debate da Gazeta foi Pablo Marçal, que vem crescendo nas pesquisas e “roubando” votos do prefeito Ricardo Nunes, candidato à reeleição e oficialmente apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A jornalista Denise Campos de Toledo, mediadora do debate, teve muito trabalho para administrar o “chumbo trocado” entre Boulos, Nunes, Datena e Marçal, principalmente. Entre as ofensas proferidas nos estúdios da Gazeta, Nunes chamou Boulos de “invasor” e, em resposta, o candidato do PSOL disse que o prefeito era “ladrãozinho de creche”.

Datena foi chamado de “fujão” por Marçal, por não ter comparecido ao debate anterior, e recebeu o contra-ataque, sendo acusado de “picareta” e “vagabundo”. Marçal, por sua vez, se referiu a Ricardo Nunes como “bananinha” e foi chamado de “mentiroso”.

O momento mais tenso do debate ocorreu quando José Luiz Datena se levantou de seu púlpito e caminhou em direção a Pablo Marçal, que provocava o candidato do PSDB.

O empresário e influenciador disse que o tucano era “playboy” e “multimilionário”, embora tentasse parecer mais popular. O apresentador de TV devolveu, afirmando que Marçal era um “estelionatário de internet” e um “mentiroso contumaz”.

A mediadora, Denise Campos de Toledo, se viu em uma situação constrangedora e teve de chamar a segurança da emissora para evitar que houvesse uma agressão física. A jornalista chamou o intervalo comercial, e o clima foi relativamente apaziguado.

O confronto entre Datena e Marçal prosseguiu após o encerramento do debate, com uma troca de empurrões e de ofensas entre o candidato a vice na chapa do tucano, o ex-senador José Aníbal (PSDB), e assessores de Marçal.

“O que está acontecendo aqui é que fecharam um consórcio para ver se param o líder do campeonato”, disse o candidato do PRTB, em determinado momento do debate. “Eu queria ser educado, mas eu sou alguém da extrema riqueza que já foi da pobreza. Eu gosto de baixaria, eu gosto do que vocês estão fazendo aqui, vocês estão mexendo com a pessoa errada.”

A deputada federal Tabata Amaral, candidata do PSB, também mirou sua artilharia em Pablo Marçal. Depois de sua campanha ter sido responsável pela ação na Justiça Eleitoral que resultou na suspensão das redes sociais do adversário, a parlamentar anunciou, durante o debate, que entrará com um novo processo contra o candidato do PRTB.

Segundo Tabata, Marçal estaria utilizando financiamento irregular para impulsionar os novos perfis que criou nas redes sociais após a suspensão inicial. Isso explicaria, de acordo com a deputada, por que Marçal conseguiu angariar um número tão grande de seguidores em poucos dias (no Instagram, até a manhã desta segunda-feira, eram 3,9 milhões).

A candidata do PSB à prefeitura também associonou fortemente o adversário ao crime organizado, mencionando supostas conexões entre integrantes da campanha de Marçal e a facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

Tabata ironizou o adversário ao compará-lo ao traficante colombiano Pablo Escobar. “Parece uma pista de Deus o nome desse cidadão”, afirmou.

Pablo Marçal também foi chamado de “tchutchuca do PCC” por Ricardo Nunes.

“’Bananinha’ está desesperado porque a campanha dele desintegrou. Como é ter Bolsonaro como amante? Cocê tem que esconder ele do povo”, rebateu Marçal, dirigindo-se ao prefeito. “Nenhum bolsonarista consegue te apoiar porque você tem a mesma ideologia de gênero do Boulos.”

Depois de 3 debates marcados por ataques entre os candidatos, a Gazeta e o MyNews decidiram endurecer as regras do encontro de domingo. Mas o esforço não surtiu resultado.

A emissora chegou a prever, inclusive, a eventual expulsão de candidatos que violassem as regras, mas nenhum deles foi excluído do programa.

O debate não contou com plateia, tradicional nesse tipo de encontro, e cada candidato pôde chamar apenas dois assessores para o estúdio.

A matéria é de autoria do jornalista Fábio Matos do InfoMoney