
Lula afirmou que a guerra comercial entre Estados Unidos e China é fruto de uma “briga pessoal” do presidente americano Donald Trump com o governo chinês.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (9) que a guerra comercial entre Estados Unidos e China é fruto de uma “briga pessoal” do presidente americano Donald Trump com o governo chinês. A declaração foi feita durante visita a Honduras e ocorre após o anúncio de novas tarifas por parte dos EUA.
Mais cedo, Trump anunciou a suspensão por 90 dias da cobrança de tarifas sobre produtos importados de países que não retaliaram os EUA na disputa comercial iniciada por sua gestão. A China, no entanto, foi excluída da medida e será alvo de tarifas adicionais, que subirão de 104% para 125% sobre os produtos chineses que entram no mercado americano.
Na semana anterior, o chefe do governo norte-americano já havia proposto um aumento generalizado de tarifas, com percentuais variando entre 10% e 50% sobre países com relações comerciais com os EUA:
“Me parece que está ficando cada vez mais visível que é uma briga pessoal com a China. Ele aumentou a taxação da China para 125% e reduziu as outras para 10%, na perspectiva de que nesses 90 dias haja possibilidade de negociação”.
Durante seu discurso, Lula criticou a possibilidade de negociações comerciais unilaterais e defendeu o multilateralismo como caminho para uma economia global mais justa.
“É importante que pessoas entendam que não é aceitável a hegemonia de um país, nem militar, nem cultural, nem industrial, tecnológica, sobre os outros. É importante que todo mundo tenha sua soberania respeitada e suas decisões levadas em conta. E que a melhor forma de fazer bom acordo é sentar numa mesa de negociação sem hegemonismo. Sem prepotência e sem arrogância”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula também alertou para os impactos negativos das tarifas de importação na economia global. Segundo ele, medidas como as adotadas por Trump contribuem para a elevação de preços e a instabilidade econômica internacional: “Ninguém pode dizer que vai ser bom ou vai ser ruim. É preciso saber quanto vai custar isso do ponto de vista do preço dos produtos, da relação multilateral”.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Brasil se beneficiar da guerra comercial entre China e EUA, Lula foi enfático ao rejeitar essa hipótese:
Não gostaria que tivesse uma guerra entre China e EUA. É importante a gente lembrar que desde 1973, presidente Nixon estabeleceu a China como parceiro estratégico, é importante (lembrar) que durante décadas e décadas as empresas americanas foram para a China por causa da mão de obra barata”.
O chefe do governo brasileiro completou: “Os chineses evoluíram, formaram milhões de engenheiros, não sei se copiaram ou não, mas estão mais evoluídos que outros países. Os EUA, ao invés de querer brigar, poderiam sentar em torno de uma mesa e fazer uma negociação. Não precisa ter guerra, guerra a gente sabe o que acontece. Sabe o que aconteceu na primeira, na segunda e o que pode acontecer numa terceira loucura. Hoje não é canhão, não é rifle, é bomba atômica”.