O relator da CPI do MST, deputado Ricardo Salles (PL-SP), tumultuou a reunião do colegiado nesta terça-feira (1º) ao desviar do tema e questionar o general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Lula, a respeito de sua opinião do golpe militar de 1964.
O questionamento provocou a reação de deputados governistas. Chamando o golpe de “revolução”, Salles questionou se Dias considerava a ditadura de positiva ou negativa.
“Entrar nessa situação, se foi positivo ou negativo o movimento de 64, é polêmico. Não quero entrar nesta seara”, respondeu o ex-ministro.
O relator insistiu na pergunta e provocou o ministro. Disse que os colegas de farda de G. Dias estavam assistindo.
“O Exército brasileiro sempre se orgulhou da importante medida de 31 de março de 64, porque, se não fosse o 31 de março de 64, chegaríamos mais rapidamente onde alguns querem chegar nesse momento. Me soa estranho para não dizer traição aos seus colegas de caserna o senhor não dizer que 64 foi uma boa medida”, afirmou Salles.
A deputada Camila Jara (PT-MS) reagiu e disse que um deputado eleito democraticamente não poderia fazer apologia à ditadura militar. As deputadas Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) também questionaram o deputado.
“Isso não é objeto da investigação. Minha Força, o Exército brasileiro, pauta a conduta em cima da hierarquia, da disciplina, amalgamada pelos valores éticos e morais, pensado em um país maior e equidade para todos”, declarou Gonçalves Dias.
Na sequência, a discussão seguiu. Ao usar de seu tempo de fala, Sâmia Bomfim foi interrompida pelo relator e mandou o parlamentar “calar a boca”.
“O senhor não gosta de democracia. Não gosta de ouvir as mulheres falando e por isso faz elogios à ditadura”, disse Sâmia.
Salles tentou se explicar. Afirmou que o objetivo era situar “ideologicamente” onde se insere a testemunha.
“Há uma questão de alinhamento com o governo do presidente Lula e as omissões que têm sido praticadas”, argumentou o relator da CPI.