
“Não tenho adjetivo para qualificar alguém que condena uma mãe de dois filhos a um apena tão absurda por uma crime que não cometeu. Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu o dia 8 de janeiro foi tentativa armada de golpe militar”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (6/4), em discurso na Avenida Paulista durante a manifestação convocada pela anistia aos envolvidos nos atos de janeiro de 2023, que “só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu no dia 8 de janeiro foi tentativa armada de golpe militar”.
Bolsonaro ironizou a manifestação realizada na semana passada por grupos de esquerda contra a anistia e em defesa de sua prisão, e disse que “eles perderam essa guerra” porque “a grande maioria do povo brasileiro entende as injustiças” contra os presos e condenados pelos atos antidemocráticos, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.
Mãe de dois filhos, Débora está em prisão domiciliar desde o fim de março, no interior de São Paulo. Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram para que ela seja condenada a 14 anos de prisão. O ministro Luiz Fux pediu vistas do processo, suspendendo o julgamento.
“Não tenho adjetivo para qualificar alguém que condena uma mãe de dois filhos a um apena tão absurda por uma crime que não cometeu. Só um psicopata para falar que aquilo que aconteceu o dia 8 de janeiro foi tentativa armada de golpe militar”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente também citou os casos de um pipoqueiro e de um sorveteiro por golpe de estado, e repetiu a fala em inglês dizendo que a mensagem precisava chegar a outros países do mundo.
Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle subiram no caminhão de som, estacionado próximo ao Masp, e acenaram para a multidão antes do início do ato, que foi organizado pelo pastor Silas Malafaia, e teve início às 14h.
Ao todo, dez pessoas foram destacadas para discursar. O segundo a falar foi o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que atacou duramente o ministro Alexandre do Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamando-o de covarde, e criticou a Polícia Federal (PF).
“Ditadores de toga, principalmente como Alexandre de Moraes, se utilizou do dia 8 para nos amedrontar. Se lascou, olha a gente aqui. Essa é a resposta para você seu covarde. E digo mais, fizeram de tudo para poder massacrar a maior liderança política deste país, que é o Bolsonaro”, disse Nikolas.
Já a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) disse que “dia 8 de janeiro foi uma manifestação, e não uma tentativa de golpe”, enquanto que o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) fez uma chamada perguntado para os políticos presentes se os partidos deles apoiavam a anistia.
O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), chamou a manifestação de “ato humanitário”, que “visa corrigir as injustiças” cometidas contra os envolvidos nos atos antidemocráticos de janeiro de 2023, e disse que vai “lutar” para deputados do seu partido “assinarem a anistia”.
Mais de 500 pessoas já foram condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação nos atos antidemocráticos. As penas variam de três a 17 anos de prisão. Os crimes pelos quais foram condenados são: tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.
Os bolsonaristas consideram que o Supremo, na figura do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, está perseguindo os apoiadores do ex-presidente, e que as penas impostas são exageradas. Por isso, articulam a aprovação de um projeto de lei no Congresso para anistiar todos os envolvidos nos atos de 8/1.
A anistia virou pauta única da manifestação deste domingo, ao contrário do que ocorreu em Copacabana, no Rio de Janeiro, há três semanas. E o batom, usado por Michelle Bolsonaro em um vídeo de convocação para a Paulista, virou o símbolo do ato de São Paulo.
O símbolo faz alusão ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, que usou um batom para escrever a frase “Perdeu, mané” na escultura “A Justiça”, em frente ao STF, durante os atos de 8 de Janeiro. Ela ficou dois anos presa e agora está em regime domiciliar, no interior paulista.