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“Utopia fuleira”, por Francisco Praciano

Existiu um momento em que a esquerda do Amazonas estava bem representada. Tínhamos ao mesmo tempo João Pedro Senador, Vanessa Senadora, Praciano Federal e Jose Ricardo Estadual. Um momento de sucesso da Esquerda, diria até de gloria.

"Utopia fuleira", por Francisco Praciano

O que ganhamos só da pro milho e, mesmo assim, o Ministro Guedes acaba de encontrar , na base aliada , um deputado que apresentou um projeto para eliminar o vale-transporte como beneficio do trabalhador. E o milho tá diminuindo.

Nós da Esquerda fazemos um puto de um esforço pra eleger um Dep. ESTADUAL , um Federal, um vereador. Para eleger um Senador o esforço é Brutal. Governador nem pensar. É Assim que, de eleição em eleição, a gente, a militância, os revolucionários…sonham que as coisas podem mudar. Será?

Só pra lembrar, a esquerda já teve na Câmara Municipal ao mesmo tempo Praciano, João Pedro e Vanessa. À época vereadores combativos, dinâmicos. Em outros periodos tivemos Wakdemir José , Praciano e José Ricardo. Mudamos o quê? Pouca coisa, nada estrutural. Não fizemos nenhuma revolução!

Nessa mesma época, a nós se juntavam Jeferson Peres, Serafim e Mario Frota vereadores não exatamente de esquerda, mas progressistas, comprometidos, éticos. Nessa mesma epoca, de 21 vereadores 17 tinham curso superior. Comparado com a Câmara de hoje, era uma CÂMARA de Lordes ingleses. Promovemos poucas mudanças, apesar das Lutas. E não foram poucas.

O Serafim saltou pra Prefeito. Mudou o quê ? deixou o quê? Qual o legado que permaneceu? Que revolução fez?

A Vanessa saltou pra Federal e Senado. Que diferença fez?

Praciano saltou pra Federal. Joao Pedro chegou ao Senado. E daí? Quais os seus resultados?

Existiu um momento em que a esquerda do Amazonas estava bem representada. Tínhamos ao mesmo tempo João Pedro Senador, Vanessa Senadora, Praciano Federal e Jose Ricardo Estadual. Um momento de sucesso da Esquerda, diria até de gloria.

O Que mudamos? Muito pouco. Não há dúvidas que contribuímos com a Democracia, traduzimos vontades
populares, ajudamos ao Lula e Dilma, ajudamos o povo. Houve avanços, houve construçoes , agora desconstruidas, descontinuadas.

Por que pouco resultado? Qual inferência podemos tirar dessa
análise?

Várias. Uma delas é que não se faz uma revolução nos Parlamentos. O Parlamento é importante, imprescindível, mas não é suficiente.

Uma outra conclusão é que o Parlamento não pode se divorciar do povo , nem vice-versa. E que tem que ser representativo e compromissado.

Uma observação sobre isso: Fui um dos vereadores mais votados. O Federal mais votado de Manaus e o Federal mais votado do Estado no meu segundo mandato. Mas depois de eleito quem fez o mandato foi praticamente o
meu Gabinete. Pouca colaboração popular e quase nenhuma do próprio PT.

Em síntese, viva a Democracia, viva o Parlamento. Mas só muito povo, só muita rua promove mudanças.
Uma Kombi ali , outra acolá nada muda.

Acho que esse país precisa, senão de uma revolução, de mudanças radicais.

A Direita não quer mudança. Achamos então que a Esquerda vai contribuir bastante reelegendo em 2022 o Zé Ricardo e o Sinésio ou coisa assim? Vamos fazer mesmo alianças com Braga e o OMAR pra não correr o risco de não reeleger o companheiro SINESIO? Não vamos sequer tentar um governo? Ou um Senado? Vamos mesmo deixar que o OMAR e BRAGA façam a revolução?

É uma utopia muito fuleira, essa nossa.

Façam vossas análises. Esse é o momento.

Francisco Praciano (Itapipoca, Ceará, 18 de fevereiro de 1952) é um economista e político brasileiro. Foi eleito deputado federal em 2006 pelo Partido dos Trabalhadores do Amazonas e reeleito em 2010. Disputou uma vaga ao Senado nas Eleições de 2014, ficando em 2º lugar.