O vereador mais votado de Manaus, sargento Alexandre da Silva Salazar (PL), enfrenta uma acusação de homicídio apresentada pelo Ministério Público do Amazonas. O caso remonta a junho de 2019, quando, de folga, ele perseguiu dois suspeitos de roubo em uma moto e atirou seis vezes contra um deles, resultando na morte de Felipe Kevin de Oliveira Costa, de 27 anos.
De acordo com a denúncia obtida pela Folha, Salazar estava em seu carro quando presenciou um roubo em um ponto de ônibus. Ele perseguiu os suspeitos, colidiu com a moto, derrubando-os, e atirou após descer do veículo. Um dos homens fugiu, enquanto o outro morreu no local.
Salazar não registrou a ocorrência e só assumiu a autoria do ato um ano e meio depois, quando imagens de câmeras de segurança o implicaram.
Em depoimento, o vereador afirmou que agiu em legítima defesa, alegando que os suspeitos atiraram contra ele durante a perseguição. No entanto, a investigação não encontrou indícios de troca de tiros e revelou que Felipe Kevin não era o assaltante armado. Nenhuma arma foi apreendida no local, e a vítima do roubo confirmou que o morto não era quem a assaltou.
Salazar é conhecido por compartilhar vídeos da rotina policial nas redes sociais, o que lhe garantiu ampla visibilidade e 22.594 votos nas eleições municipais.
O bolsonarista Salazar foi o vereador mais votado em Manaus. Foto: reprodução
Com um vasto histórico de polêmicas e contradições, ele já foi citado em 24 investigações ou ações judiciais desde 2009, incluindo abuso de autoridade, crimes militares e outros três homicídios.
Desses casos, 17 já foram encerrados, com quatro prescrições, seis absolvições e sete arquivamentos. Apenas sete ainda tramitam, segundo levantamento do Tribunal de Justiça do Amazonas. Em contrapartida, sua defesa sustenta que apenas quatro processos estão ativos e destaca 45 elogios de superiores na ficha do vereador.
Após ser eleito, Salazar foi denunciado pelo Ministério Público pelo homicídio de 2019. Ele respondeu às acusações afirmando ter sido inocentado em outros processos e ameaçou processar veículos de imprensa por supostas fake news. Seu advogado, identificado apenas como Carioca, argumenta que a quantidade de processos é consequência natural da atuação policial.
A Polícia Militar do Amazonas não divulgou o número de procedimentos administrativos contra Salazar, limitando-se a afirmar que os trâmites seguem os prazos estabelecidos. O sargento entrou para a reserva ao ser diplomado vereador, desvinculando-se formalmente da corporação.