Nesta segunda-feira (6), após Fernanda Torres ganhar um Globo de Ouro por sua atuação em “Ainda Estou Aqui” e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacar novamente os investimentos em cultura, voltou a circular nas redes sociais um vídeo do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1989, cobrando uma investigação sobre a morte de Rubens Paiva e outros crimes da ditadura militar, tema abordado no longa de Walter Salles.
“Eu mesmo defendo a ideia de que a gente deve tentar recontar a história desse país. Se recontar a história significar ir a fundo fazer uma pesquisa, por exemplo, de onde está Rubens Paiva, onde ele foi enterrado, quem é que matou, eu acho que nós temos que ir a fundo buscar isso. E isso não é nenhum desacato, nenhuma vingança, nenhuma caça às bruxas. Isso é um ato de lealdade com a nação brasileira, pra ter sua história contada tal como ela deve ser contada”, argumentou o petista em um debate.
No X/Twitter, internautas lembraram que Bolsonaro chegou a cuspir no busto de Rubens Paiva no Congresso Nacional. O filho do ex-deputado, Marcelo Rubens Paiva, autor de Ainda Estou Aqui, livro que inspirou o filme, ironizou o indiciamento do ex-presidente pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa.
Em novembro de 2024, o escritor usou suas redes sociais para repostar um meme que comparou a possível indicação de Fernanda Torres, intérprete de sua mãe, Eunice Paiva, nos cinemas, ao Oscar com o terceiro indiciamento do político pela Polícia Federal (PF) desde que deixou o Palácio do Planalto.
Bolsonaristas tentaram promover um boicote ao filme, que já levou mais de três milhões de pessoas ao cinema e vem sendo aclamado por público e crítica. Em contrapartida, dois oficiais do Exército acusados pelo assassinato de Rubens Paiva custam R$ 59.448,61 mensais para o governo federal.
A União também desembolsa R$ 80.793,40 em pensões para oito familiares de três outros réus envolvidos na morte de Paiva. No total, os valores chegam a R$ 140.242,01 por mês de acordo com informações da colunista Juliana Dal Piva, do ICL.
Em 2014, os militares foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF), mas até hoje não foram julgados, e três deles já morreram.