
Segundo ele Cid, Michelle entrou em pânico ao ver a mudança de sua família deixando o Palácio da Alvorada, e fazia parte de um grupo radical que defendia medidas golpistas durante o governo do marido.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ajudante de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, fez revelações sobre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Segundo ele, a esposa do ex-presidente entrou em pânico ao ver a mudança de sua família deixando o Palácio da Alvorada, e fazia parte de um grupo radical que defendia medidas golpistas durante o governo do marido.
Cid relatou que Michelle ficou desesperada ao perceber que estava prestes a deixar a residência oficial. “Ela falava pra gente que tinha que fazer alguma coisa, tinha que fazer alguma coisa”, contou, evidenciando o estado emocional da ex-primeira-dama nesse momento crítico.
O tenente-coronel ainda destacou que, ao ver seus pertences sendo retirados, Michelle “quase que pirou”. Além de Michelle, Cid também mencionou o enteado Eduardo Bolsonaro como integrante desse grupo radical que apoiava a implementação de medidas golpistas.
Essas declarações foram divulgadas em um vídeo de delação premiada de Mauro Cid, revelando a tensão interna durante o processo de transição de poder e a ansiedade de Michelle diante da mudança drástica em sua vida.
As informações foram inicialmente reveladas pelo UOL em novembro de 2023, trazendo à tona discussões sobre a postura de membros da família Bolsonaro em relação aos eventos políticos recentes.
Entusiasta do golpe
Em delação premiada à Polícia Federal (PF), o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, afirmou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro integrava um grupo que incentivava o então presidente a promover um golpe de Estado. O vídeo com o depoimento veio a público nesta quinta-feira (20).
A gravação, realizada em agosto de 2023, mostra Cid relatando aos agentes da PF que Michelle e outros conselheiros radicais ao redor de Bolsonaro mantinham uma postura instigadora. Segundo o delator, esse grupo buscava convencer o ex-presidente a executar o golpe, alegando apoio popular e dos CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores).
Entre os integrantes citados por Cid estão os ex-ministros Onyx Lorenzoni e Gilson Machado, os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o general Mario Fernandes e a própria Michelle Bolsonaro.
“O general Mario Fernandes atuava de forma ostensiva, tentando convencer os demais integrantes das forças a executarem um golpe de Estado. Compunha também o referido grupo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o a dar um golpe de Estado. Eles afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs para dar o golpe”, detalhou Cid.
O tenente-coronel disse mais sobre Fernandes: “Ele era um general que tava muito ostensivo, ele estava realmente muito ostensivo, inclusive nas redes sociais. Estava com os manifestantes o tempo todo, estava indo lá. Inclusive, o general Freire Gomes até cogitou punir ele, porque ele estava muito ostensivo na pressão que ia ser feita nos generais, para que os generais pudessem fazer alguma coisa”.
Na terça-feira (18), Mauro Cid, Jair Bolsonaro, Mario Fernandes e outros 31 aliados foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.