O advogado Frederick Wassef afirmou à Polícia Federal que recomprou Rolex a pedido de Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social do governo), nos Estados Unidos. O item foi vendido em junho de 2022, quando Jair Bolsonaro ainda era presidente, junto de um segundo relógio da marca Patek Philippe por US$ 68 mil.
Na ocasião, o item foi negociados pessoalmente pelo tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, e vendidos à loja Precision Watches, na cidade de Willow Grove, na Pensilvânia (EUA). Em depoimento à corporação, Wassef admitiu que recomprou o relógio a mando de Wajngarten, segundo a revista Veja.
O próprio advogado procurou a PF para prestar esclarecimentos após ficar incomodado com uma versão que circula na imprensa, de que teria sido convocado para a missão por um grupo de militares. Ele ainda afirmou que Wajngarten justificou o pedido diante da possibilidade de o Tribunal de Contas da União (TCU) pedir a devolução dos presentes oficiais recebidos por Bolsonaro.
Wassef alegou que já tinha uma viagem de férias marcada para os Estados Unidos, em março de 2023, e que às vésperas do embarque Wajngarten teria insistido “constantemente” para que recomprasse o relógio. O advogado teria recebido ligações “obsessivas” e “compulsivas” do ex-chefe da Secom após o desembarque no país.
O advogado também relatou que recebeu uma promessa de Wajgarten de que o valor seria ressarcido após a recompra e que “vai processá-lo para reaver a quantia” se não for pago. Ele ainda aponta que o ex-chefe da Secom era o mentor do plano de resgate.
Segundo seu depoimento, Wassef desembarcou em Miami em março, sacou US$ 35 mil de uma conta bancária e juntou a outros US$ 14 mil que tinha em sua casa para recomprar o relógio. Um dia depois, viajou de avião para a Filadélfia e dirigiu por quase duas horas para chegar até a loja.
Na sequência, o advogado teria entregue o Rolex a um conhecido de Wajngarten que estava no país. O colega do ex-chefe da Secom então teria transportado o item de volta ao Brasil e dado a Wassef, que relatou ter enviado o item a Mauro Cid.
Wassef negou qualquer participação de Bolsonaro na missão e disse que Cid apenas passou a localização da loja em que o relógio estava.