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Deputada extremista Júlia Zanatta cita Chico Buarque para denunciar perseguição à direita

No X, antigo Twitter, o cientista político Caio Barbosa resumiu a incoerência de Zanatta: “A deputada bolsonarista usando música do Chico Buarque contra a ditadura pra ela reclamar da ditadura que não existe, mas que impediu a ditadura que ela

Deputada extremista Júlia Zanatta cita Chico Buarque para denunciar perseguição à direita

No post, a bolsonarista, constantemente acusada de fazer apologia ao nazismo por usar uma coroa de flores na cabeça, cita os primeiros trechos da canção "Apesar de Você"

Em 1970, no auge da Ditadura Militar no Brasil, o cantor Chico Buarque de Holanda lançou a música “Apesar de Você”, um desabafo contra o regime que virou hino da luta pela redemocratização do país. Inicialmente, o regime censurou a canção, que só voltou a tocar nos rádios em 1978.

Em 2024, após a Polícia Federal concluir uma investigação sobre uma nova intentona golpista, amplamente apoiada por militares para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas urnas em 2022, a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) usou a música de Chico Buarque para insinuar que estaríamos vivendo sob uma ditadura.

No post, a bolsonarista, constantemente acusada de fazer apologia ao nazismo por usar uma coroa de flores na cabeça, cita os primeiros trechos da canção “Apesar de Você”:

No X, antigo Twitter, o cientista político Caio Barbosa resumiu a incoerência de Zanatta: “A deputada bolsonarista usando música do Chico Buarque contra a ditadura pra ela reclamar da ditadura que não existe, mas que impediu a ditadura que ela queria, que é a ditadura que a música denuncia”.

Desde 2020, quando Bolsonaro era presidente, ele e seus seguidores reclamam de uma suposta ditadura do Supremo Tribunal Federal (STF). O suposto regime é, na teoria maluca, capitaneada pelo ministro Alexandre de Moraes, que sequer preside a Corte.

Tal ódio ao magistrado levou um grupo de militares próximos ao ex-presidente ao tramar pela morte de Moraes em 2022. O plano chegou a sair do papel, mas não pôde ser concluído por uma alteração na agenda do ministro e por uma falta de segurança dos executores.

Alvo do plano de morte ao lado do presidente Lula (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB), Moraes é relator do caso no Supremo. Após receber o inquérito da Polícia Federal, ele deve encaminhar o documento para a Procuradoria-Geral da República (PGR) já na próxima segunda-feira (25).

Indiciado no inquérito ao lado de 36 pessoas, das quais 25 têm histórico militar, Bolsonaro deve ser julgado ainda em 2025 por desinformação contra o sistema eleitoral, incitação a militares para aderirem a um golpe e a criação de núcleos operacionais para ações golpistas.