Nas redes sociais, Boca Rica mostra sua rotina aos seus quase 20 mil seguidores. Sua foto de perfil é um zoom de seu sorriso, cravejado de dentes dourados. Mas, nem tudo que reluz é ouro. Boca Rica é um traficante sanguinário, integrante dos grupos autointitulados ‘Troias’ do Comando Vermelho: jovens treinados somente para invasões, assassinatos e segurança dos chefões da facção.
“As equipes Troias não traficam. Elas são treinadas, têm salários altos e só participam de guerras. Além disso, fazem a escolta no deslocamento dos chefes”, aponta investigação do Grupo de Investigação Criminal da 54ªDP (Belford Roxo) unidade que, na última quinta-feira prendeu um integrante do grupo, após uma troca de tiros.
Após receber um Disque-Denúncia dando conta de que traficantes estavam se deslocando em dois carros, sob coordenação do delegado José Omena, titular da delegacia, e com apoio de policiais militares, uma equipe passou a fazer rondas procurando os veículos. Próximo ao morro Castelar houve a interceptação e troca de tiros.
“Assim que a viatura deu ordem de parada, eles passaram a atirar. Um dos tiros pegou minha mão, que estava no volante. Mesmo assim, apoiei meu fuzil e revidei os tiros”, contou o policial Hélber Sacramento, do GIC. O agente perdeu um dedo e passa bem.
Cessado os tiros, os policiais descobriram que uma equipe Troia realizava a escolta de Felipe Rodrigues da Silva, o Lalá, então chefe da Palmeirinha. O criminoso foi morto na ação. Os agentes confirmaram que os traficantes estavam se deslocando para a Penha, QG da facção.
Lalá, inclusive, tinha dois dentes de ouro. Os investigadores notaram que criminosos ligados ao traficante Edgar Alves Andrade, o Doca, passaram a usar esses artefatos dentários. “É uma forma de se diferenciar, dizer que é ligado ao chefe, ao Urso como eles chamam”, disse um agente.
Urso não é somente um apelido para Doca, e sim uma referência ao seu perfil sanguinário. Doca tem como rivais traficantes do Terceiro Comando Puro, cujo líder é o criminoso Peixão. Peixe é o alimento natural do Urso, por isso, o apelido.
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Doca, traficante de 52 anos, tem uma vasta ficha criminal por assassinatos e torturas. Foi ele quem teria dado a autorização para matar os meninos desaparecidos em Belford Roxo, em dezembro, segundo a Polícia Civil. Informações dão conta de que ele não sabia a idade das vítimas.
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