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Anvisa recebeu 169 ameaças por e-mail após intimidação de Bolsonaro

Horas após agência dar aval à vacinação infantil contra a Covid, presidente ameaçou divulgar nomes de técnicos da agência; PF investiga

Anvisa recebeu 169 ameaças por e-mail após intimidação de Bolsonaro

A ameaça do presidente fez com que o senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, acionasse o STF, que cobrou explicações do governo Bolsonaro.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu 169 e-mails com ameaças a seus funcionários até esta segunda-feira (27/12).

O levantamento interno começou a ser feito no último dia 17, um dia depois de Jair Bolsonaro ter intimidado técnicos da agência, que havia aprovado a vacinação infantil contra a Covid. A PF investiga o caso, que também tramita no STF. Parte das mensagens faz ameaças de morte.

Disse Jair Bolsonaro no último dia 17, em sua live semanal, horas após o aval da Anvisa à vacinação infantil:

“Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de cinco anos. Queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento”.

A ameaça do presidente fez com que o senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, acionasse o STF, que cobrou explicações do governo Bolsonaro. Bolsonaro também é investigado no Supremo por ter mentido mais uma vez sobre a pandemia e associado falsamente a vacina à Aids.

O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e os diretores da agência disseram ser vítimas de um “ativismo político violento”. No mês passado, os funcionários já haviam recebido pelo menos cinco ameaças de morte por e-mail quando a Pfizer anunciou que pediria o aval da Anvisa para a vacinação infantil, como já ocorre em países da Europa e nos Estados Unidos. Na ocasião, em entrevista à coluna, Barra Torres havia cobrado uma resposta imediata das autoridades federais.

É muito difícil lidar com isso. É uma coisa muito grave. Se não for corrigida duramente agora, a gente abre um precedente muito grave de banalizar esse tipo de episódio. Amanhã surge outro, depois outro. Daqui a pouco o Estado democrático de direito deixa de existir”, afirmou Barra Torres.