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Dom Phillips e Bruno Pereira, um fim trágico para dois amantes da Amazônia

Apaixonado pela Amazônia, onde escreveu dezenas de reportagens, o jornalista britânico estava na região há vários dias trabalhando em um livro sobre preservação ambiental e desenvolvimento local, com apoio da fundação Alicia Patterson.

Dom Phillips e Bruno Pereira, um fim trágico para dois amantes da Amazônia

Em sua trajetória como repórter no Brasil, escreveu, entre outros temas, sobre o avanço do garimpo ilegal e a agropecuária em áreas protegidas no Brasil, como colaborador para veículos como os jornais "The New York Times", "Washington Post" e "Financial Times".

O jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos há 11 dias e cujos corpos foram enterrados na Amazônia, segundo confessou um suspeito do crime nesta quarta-feira, eram grandes entusiastas da maior floresta tropical do planeta.

– Phillips, um jornalista apaixonado pela Amazônia –

Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico “The Guardian” e trabalhava no Brasil havia 15 anos. Morou em São Paulo, Rio de Janeiro e, alguns anos atrás, mudou-se para Salvador com a mulher, a brasileira Alessandra Sampaio.

Apaixonado pela Amazônia, onde escreveu dezenas de reportagens, o jornalista britânico estava na região há vários dias trabalhando em um livro sobre preservação ambiental e desenvolvimento local, com apoio da fundação Alicia Patterson.

Em sua trajetória como repórter no Brasil, escreveu, entre outros temas, sobre o avanço do garimpo ilegal e a agropecuária em áreas protegidas no Brasil, como colaborador para veículos como os jornais “The New York Times”, “Washington Post” e “Financial Times”.

“Linda Amazônia”, elogiou em 30 de maio no Instagram, em uma das últimas publicações que compartilhou, juntamente com um vídeo navegando por um rio em uma pequena embarcação.

Antes de chegar ao Brasil, em 2007, Phillips escrevia sobre música no Reino Unido. Foi editor da revista “Mixmag” e publicou um livro sobre a cultura dos DJs.

Foi atraído por esse universo musical que chegou a São Paulo, onde acabou morando. “Sentiu-se em casa no Brasil”, afirmou na semana passada em carta aberta um grupo de correspondentes estrangeiros amigos de Phillips.

Paralelamente à sua profissão, engajou-se como voluntário em projetos sociais em comunidades do Rio de Janeiro e Salvador.

“Seus amigos o conhecem como um cara sorridente, que acorda antes do amanhecer para fazer stand-up paddle”, acrescenta a nota dos colegas, que asseguram que Phillips está aguardando “ansiosamente” os trâmites “para poder adotar uma criança”.

– Pereira, um indigenista ‘corajoso e dedicado’ alvo de ameaças –

Bruno Pereira, de 41 anos, era um especialista da Fundação Nacional do Índio (Funai) e defensor conhecido dos direitos indígenas. Foi coordenador regional da Funai em Atalaia do Norte, município aonde viajava com Phillips quando ambos desapareceram.

Além disso, coordenou a unidade de Indígenas Isolados e Recém Contatados da Funai, onde esteve a cargo de uma das maiores expedições dos últimos tempos para contatar grupos isolados e evitar conflitos entre etnias.

Atualmente, estava de licença, dedicando-se com ONGs a projetos para melhorar a vigilância nas aldeias do Vale do Javari, um território indígena remoto na fronteira com o Peru, ameaçado pela pressão de narcotraficantes, pescadores, madeireiros e garimpeiros ilegais.

Seu trabalho em defesa dos povos indígenas lhe rendeu ameaças regulares destes grupos criminosos.

Quando desapareceram, Pereira acompanhava o jornalista britânico como guia por esta região isolada da Amazônia, na segunda viagem da dupla por esta região isolada desde 2018.

O indigenista era casado e pai de três filhos. Cada vez que entrava na floresta, trazia “essa paixão com o objetivo de ajudar o próximo”, declarou a família em comunicado divulgado dias após o desaparecimento.

Era “corajoso e dedicado”, concluiu Fiona Watson, diretora de Pesquisas da ONG Survival International.