O plano de pautar no Congresso Nacional uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que garantiria a todos os ex-presidentes o cargo de senador vitalício, com direito a foro privilegiado e uma espécie de imunidade foi, segundo André Sadi, do G1, uma “pescaria”, uma tentativa de “lançar ideias a membros do Judiciário para sentir o ambiente de se aprovar uma proteção ampla e irrestrita para o presidente [Jair Bolsonaro (PL)] e aliados se ele perder a eleição”.
Bolsonaristas procuraram o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas. “Com trânsito na Esplanada, do Congresso ao STF, ele foi sondado a respeito do ‘clima’ para um eventual acordo: Alexandre de Moraes, indo para o comando do TSE, poderia enterrar o inquérito das fake news. Em troca, Bolsonaro pararia com ataques às cortes e também abortaria a incitação ao 7 de setembro”. Dantas respondeu que Moraes dificilmente aceitaria o acordo.
Interlocutores de Bolsonaro não querem apenas garantir seu foro privilegiado. Eles buscam assegurar uma espécie de anistia a todos os eventuais crimes que o atual ocupante do Palácio do Planalto tenha cometido. Os aliados bolsonaristas ainda querem a garantia de um indulto pelo próximo presidente, tal qual o dado a Daniel Silveira (PTB-RJ) por Bolsonaro. ‘Quais crimes seria perdoados?’, perguntou Sadi ao “magistrado”: “crimes genéricos, ninguém investigaria ninguém. Como se quem ganhasse assumisse o compromisso de não investigar o outro”.
Um dos assessores de Bolsonaro que foi em busca do acordão ouviu como reposta que o ex-presidente Lula (PT) não teria nada a ganhar com isto e a oposição não toparia.
Um ministro do Supremo diz que tudo é “desespero” de setores do governo por uma “trégua artificial”. Para ele, o Planalto só busca um pacto por temer uma derrota para Lula.
A cúpula do Congresso Nacional também foi procurada e disse que uma emenda constitucional nesses moldes só avançaria se não tivesse aspecto de “acordão” e com o apoio da oposição.