Em uma sessão espremida entre o feriado e o fim de semana, o dólar à vista voltou a recuar ante o real nesta sexta-feira e atingiu o menor valor em um ano, após dados negativos da China elevarem a perspectiva de que o governo chinês poderá dar suporte à sua economia, o que é positivo para divisas de países como o Brasil.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8761 reais na venda, com baixa de 0,98%. Esta é a menor cotação de fechamento desde 7 de junho de 2022, quando encerrou a 4,8741.
Na B3, às 17:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,14%, a 4,8960 reais.
Na noite de quinta-feira (pelo horário de Brasília), a Agência Nacional de Estatísticas da China informou que o índice de preços ao produtor de maio caiu pelo oitavo mês consecutivo, a uma taxa de 4,6%. Esse foi o maior declínio desde fevereiro de 2016 e maior do que a expectativa de queda de 4,3% em pesquisa da Reuters.
Já o índice de preços ao consumidor subiu 0,2% em maio em relação ao ano anterior, abaixo da projeção de aumento de 0,3%.
Enquanto a inflação tem demonstrado fraqueza na China, ela tem apertado a demanda por produtos nos EUA e na Europa. Assim, alguns analistas avaliam que o banco central chinês poderá cortar juros em sua reunião da próxima semana, para dar suporte à economia.
“Diante dos diversos sinais de enfraquecimento da retomada da economia chinesa, o presidente do Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês), Yi Gang, disse que a autoridade monetária local está preparada para ajudar a promover o emprego e a atividade econômica local”, pontuou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
Com isso, os preços de algumas commodities, como o minério de ferro, encontraram suporte nesta sexta-feira, assim como diversas moedas de países exportadores de matérias-primas, como o real.
“O cenário induziu um parecer de que o BC chinês poderá vir a cortar juros para melhorar a demanda. Algumas commodities foram impactadas e as divisas de países exportadores de commodities foram favorecidas”, resumiu Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
O gestor de renda fixa da Kínitro, Maurício Ferraz, pontuou que a perspectiva de queda de juros no Brasil, como precificado na curva a termo nesta sexta-feira, não deveria ser favorável ao real. No entanto, segundo ele, o ambiente para economias emergentes está mais positivo, o que justifica o movimento recente do câmbio.
Com a sexta-feira espremida entre o feriado de Corpus Christi e o fim de semana, profissionais do mercado também citavam uma liquidez reduzida no Brasil, em especial nas operações comerciais do mercado à vista. Na prática, exportadores e importadores se mantiveram mais afastados dos negócios.
O mercado futuro, no entanto, manteve um volume razoável de negócios para o dia, sendo que os investidores estrangeiros seguiram operando, com foco na rentabilidade dos ativos brasileiros, em especial na bolsa de valores.
O dólar à vista oscilou em baixa durante praticamente toda a sessão e às 10h11 quebrou a barreira técnica dos 4,90 reais. Como de costume, quando a divisa superou este importante ponto de referência, algumas ordens de stop (ordens de parada) foram disparadas, ampliando as perdas. Às 11h29, a moeda à vista atingiu a mínima do dia, a 4,8556 (-1,40%).
A partir daí, as cotações se recuperaram um pouco, mas ainda assim o dólar encerrou o dia em queda firme ante o real.
No exterior, a moeda mantinha perdas ante divisas como o rand sul-africano < ZARUSD=R>, o peso mexicano < MXNUSD=R> e o dólar australiano < AUD>, mas subia ante uma cesta de divisas fortes.
Às 17:16 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,25%, a 103,580.
No Brasil, pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.