O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desacreditou nesta terça-feira (20/7) o relatório que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) vai apresentar à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que investiga ações e omissões do governo federal no combate à pandemia.
Nas últimas semanas, o colegiado avançou também em denúncias de irregularidades na aquisição de imunizantes contra a Covid-19. O relatório com as conclusões da CPI deve ser apresentado ao fim dos trabalhos, em outubro.
“O relatório do Renan é para jogar no lixo. É uma palhaçada o que eles estão fazendo. Eles estão nos acusando de comprar, por exemplo, a Covaxin. De comprar não, de se corromper. Não pagamos um centavo sequer da Covaxin, é só narrativa”, disse o presidente em entrevista à rádio Itatiaia.
O chefe do Executivo nacional ainda rechaçou outras denúncias, como a da existência de um gabinete paralelo, e defendeu a propaganda de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid-19, como a hidroxicloroquina.
Bolsonaro minimiza denúncias: “Inventaram corrupção por pensamento”
“CPI não quer investigar nada, quer desgastar o governo. Quantas mortes a CPI evitou? O tempo todo acusações, pessoas desqualificadas vão depor lá como se fossem grandes lobistas”, prosseguiu. “A tentativa de corromper o governo existe sim, Brasília é o paraíso dos lobistas, mas conosco não tiveram sucesso.”
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Renan Calheiros e Omar AzizRafaela Felicciano/Metrópoles
Denúncias
A mais recente denúncia investigada pela CPI da Covid recai sobre o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que teria negociado, com intermediadores, a aquisição de 30 milhões de doses da vacina Coronavac pelo triplo do preço praticado pelo Instituto Butantan.
O jornal Folha de S.Paulo revelou um vídeo em que o general aparece ao lado de empresários em reunião realizada na sede da pasta federal, em março deste ano, na qual Pazuello afirma ter assinado um memorando de intenção para a aquisição dos imunizantes.
A CPI avança em suspeitas de irregularidades em contratações de outros imunizantes, como é o caso da vacina indiana Covaxin, alvo de investigações por quebra de contrato e superfaturamento. Após as denúncias virem à tona, o contrato foi suspenso pelo Ministério da Saúde.
Também é investigado o oferecimento de propina na negociação de 400 milhões de doses da AstraZeneca pela empresa Davati Medical Supply. Segundo um representante da empresa, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina contra a Covid-19 para fechar contrato com o Ministério da Saúde. A farmacêutica nega trabalhar com intermediários.