O dólar despencou frente ao real nesta quinta-feira, mas fechou o ano – marcado pela deterioração da credibilidade fiscal doméstica – em alta de mais de 7% contra o real, mirando um 2022 de muitas incertezas à medida que a corrida eleitoral brasileira se aproxima e o banco central norte-americano se prepara para elevar os juros.
O Ibovespa teve alta de 0,69% hoje, e fechou o dia aos 104.822,44 pontos. Porém, no ano, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) caiu 11,93% — a primeira perda anual desde 2015.
O dólar à vista fechou o último pregão de 2021 em queda de 2,11%, a 5,5735 reais na venda, sua perda diária mais acentuada desde 24 de agosto (-2,25%), o que investidores atribuíram a dados fiscais melhores do que o esperado e à sanção do projeto de lei de modernização da regulação cambial pelo presidente Jair Bolsonaro, em meio ainda a volumes reduzidos de negociação.
Apesar das perdas desta sessão, a moeda norte-americana à vista registrou ganho de 7,36% em 12 meses, seu quinto ano consecutivo de valorização. Embora expressivo, o salto deste ano foi bem mais comportado do que o registrado em 2020, quando a moeda disparou 29,4%.
Para Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio, boa parte da valorização anual do dólar contra o real refletiu a deterioração da credibilidade fiscal do Brasil, uma dor de cabeça para os mercados locais que promete se estender para 2022.
A regra do teto de gastos –importante âncora fiscal do país– foi alterada no início deste mês com a promulgação da PEC dos Precatórios, após meses de pressão do governo por mais gastos com ajuda financeira à população em 2022, ano eleitoral.