×

Bolsa sobre e dólar fica abaixo de R$ 6 após declarações de Lira e Pacheco sobre IR

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta sexta-feira que projetos sobre a mudanças na tabela do IR só devem ser discutidos no ano que vem. Ele também declarou que a responsabilidade fiscal é “inegociável”.

Bolsa sobre e dólar fica abaixo de R$ 6 após declarações de Lira e Pacheco sobre IR

Segundo Lira, é preciso discutir “uma coisa de cada vez” e a Câmara dará prioridade para o pacote de medidas de contenção de despesas.

O dólar mudou de direção no fim da manhã desta sexta-feira (29) e passou a cair ante o real após declarações dos presidentes do Legislativo sobre postergar os debates sobre mudanças no Imposto de Renda para 2025.

O Ibovespa também inverteu o sinal e passou a operar no campo positivo.

Por volta das 12h45, a divisa norte-americana mostrava queda de 0,5%, negociada a R$ 5,98. Nas máximas do dia, o dólar passou da casa de R$ 6,10, com reação negativa dos mercados ao anúncio do governo em isentar o IR para salários até R$ 5 mil.

Na véspera, o dólar encerrou a R$ 5,99, o maior valor nominal da história.

Na mesma hora, o principal índice do mercado brasileiro subia 0,3%, ao redor dos 125 mil pontos.

Analistas também monitoram dados do desemprego no Brasil, que no trimestre encerrado em outubro bateu o menor patamar da história, e falas do futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta sexta-feira que projetos sobre a mudanças na tabela do IR só devem ser discutidos no ano que vem. Ele também declarou que a responsabilidade fiscal é “inegociável”.

“Qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento e efetivo impacto nas contas públicas. Uma coisa de cada vez. Responsabilidade fiscal é inegociável”, escreveu Lira na plataforma X.

Segundo Lira, é preciso discutir “uma coisa de cada vez” e a Câmara dará prioridade para o pacote de medidas de contenção de despesas.

“Essa questão da isenção do Imposto de Renda é uma outra questão apartada, que não é para agora, e que vai ser projetada com uma discussão futura. E que vai acontecer se, e somente se, nós tivermos condição, em termos fiscais, de poder implementá-la”, disse Pacheco.

Na quinta-feira (28), o presidente do Senado afirmou que a regulamentação da reforma tributária e as propostas do pacote de cortes de gastos públicos serão as prioridades de votação da Casa até o fim do ano.

Segundo o senador, as matérias devem ser votadas na Câmara e no Senado antes do recesso parlamentar, que começa em 22 de dezembro.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhou nesta quinta-feira (28) as propostas do pacote fiscal e isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil.

Segundo o ministro, a isenção deve ter impacto fiscal de R$ 35 bilhões – valor abaixo do previsto por analistas do mercado, que previam soma de ao menos R$ 45 bilhões.

A medida — que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso —, deve entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026, pontou Haddad.

O governo também detalhou sobre o pacote de ajuste fiscal. As propostas anunciadas por Haddad preveem uma economia de R$ 70 bilhões pelos próximos dois anos que, segundo o ministro, “consolidam o compromisso deste governo com a sustentabilidade fiscal do país”.

Para alguns analistas, o anúncio do projeto de mudança na faixa de isenção de IR levantou dúvidas sobre o compromisso do Executivo com o ajuste das contas, pois mostraria um governo mais preocupado com questões políticas do que econômicas.

Mas outros apontaram para uma reação exagerada do mercado.

“O governo precisa demonstrar que seu plano é viável, e por isso devemos esperar um período de volatilidade nos próximos dias e meses. A implementação do esforço fiscal prometido será crucial para consolidar a confiança do mercado”, disse André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.

“A reação do mercado é compreensível, mas considero-a desproporcional. Ficou claro que a responsabilidade fiscal é uma prioridade”, completou.

A sessão desta sexta ainda é marcada pela disputa da Ptax de fim de mês. Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.