Membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliaram que, para deixar o Judiciário e entrar na política, Deltan Dallagnol terá de aceitar a sanção de advertência e admitir o erro, a “culpa” pelas ilegalidades cometidas quando chefiava a força-tarefa da antiga Operação Lava Jato. A informação foi publicada nesta sexta-feira (5) pela Coluna do Estadão.
Segundo integrantes do MP, o procurador precisará declinar do recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra punição recebida em 2019. De acordo com a legislação, membros do MP que têm processo disciplinar pendente contra eles não podem se candidatar imediatamente.
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, em novembro de 2019, aplicar a punição de advertência a Dallagnol, a pedido do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. O motivo foi uma entrevista do procurador à rádio CBN no dia 15 de agosto de 2018, quando ele criticou ministros do Supremo pela retirada de trechos de depoimentos da Odebrecht do Paraná e envio ao Judiciário de Brasília.
Naquele dia, o procurador disse que os ministros responsáveis pelo voto a favor da decisão formavam uma “panelinha” e mandavam uma mensagem “muito forte de leniência a favor da corrupção”.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Ubiratan Cazetta, afirmou ver com preocupação a possível entrada de Dallagnol para a política. “Não é bom para o MP qualquer relação que possa parecer político-partidária. A Lava Jato caiu nesse campo na visão de seus críticos. A imagem foi reforçada quando Moro saiu da magistratura e entrou no Executivo e será reavivada agora com Deltan. É algo injusto”, disse.