O padre italiano Lino Allegri, há mais de 50 anos no Brasil, é o alvo mais recente de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após críticas feitas ao governo em missa na Paróquia da Paz, em Fortaleza (CE). Aos 82 anos de idade, o pároco sofreu intimidações e não voltou a conduzir as cerimônias religiosas.
Tudo começou em 4 de julho, quando Allegri afirmou que o governo Bolsonaro era responsável pelas mais de 500 mil mortes pela covid-19 no Brasil. Então, segundo a agência Ansa, sete mulheres e um homem invadiram a sacristia para chamar o padre de “esquerdopata, comunista, petista”.
Nos próximos finais de semana ocorreriam novas confusões. Em 11 de julho, mesmo sem a presença do padre Lino, um apoiador bolsonarista começou a gritar palavras de ordem, o que gerou novo atrito.
Em 18 de julho, nova tentativa de intimidação por um grupo vestindo camisas verde e amarelo com o número 17 às costas. Segundo o jornal Metrópoles, o grupo invadiu a igreja para atacar o padre, e a missa precisou terminar com duas viaturas da Polícia Militar para evitar qualquer problema mais grave.
“Esse negócio da doutrina dos oprimidos, isso tudo não é para ser praticado aqui”, disse o coronel Ricardo Bezerra ao jornal O Povo. “O padre proselitista peca com tudo isso. Vai perder muitos fiéis se continuar nessa linha”.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), mandou instaurar inquérito para apurar as ameaças ao padre italiano.
“O Sacerdote e o pastor não podem se calar quando a vida está sendo desrespeitada e violentada”, disse Allegri ao Metrópoles.