Com o fim do modelo informal de forças-tarefas, o que deve acabar agora não é o propósito da “lava jato”, ou seja, o combate à corrupção, mas sim a “doença infantil do lavajatismo”, que polariza defensores e detratores que não dialogam entre si.
A avaliação foi feita pelo ministro Luiz Edson Fachin, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada nesta quarta-feira (10/2).
O próprio ministro explicou o que quis dizer com ‘doença infantil do lavajatismo’ (uma referência ao ensaio de Vladimir Lenin intitulado “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”): “De um lado, o lavajatismo que só vê na Lava Jato virtudes e não faz autocrítica e, do outro lado, o lavajatismo que só vê na Lava Jato defeitos e não reconhece, nada obstante alguns defeitos, a relevância dos trabalhos que foram levados a efeito.”
Fachin opinou que o fato de as forças-tarefas estarem sendo dissolvidas para dar lugar ao modelo de Gaecos não deve interferir no trabalho do Ministério Público, que, afinal, continua tendo autonomia para promover investigações.
Na mesma entrevista, o ministro também expressou preocupação com a corrupção da democracia, que pode afetar as eleições de 2022, nas quais Fachin estará presidindo o Tribunal Superior Eleitoral.
“Minha preocupação central, razão principal pela qual hoje estamos conversando, é a preocupação com as eleições de 2022 e a higidez do sistema eleitoral brasileiro. É preciso defender a democracia, proteger a democracia e proteger o sistema eleitoral brasileiro. Dentro dele como instrumento da democracia nós vamos sair da crise sem sair da democracia”, afirmou.