O ex-ministro Ricardo Salles, que ganhou notoriedade por promover um completo desmonte das políticas ambientais no país, usou suas redes sociais para promover a imagem de Bolsonaro em sua viagem à Rússia, disparando uma fake news tão grotesca que virou motivo de piada nas redes.
Salles compartilhou uma imagem falsa, dizendo que o canal CNN atribuiu a participação decisiva do mandatário para evitar uma Terceira Guerra Mundial entre a Rússia e a Ucrânia.
O mandatário brasileiro desembarcou nesta terça às 15h58 (horário local) em Moscou. Ele tem encontro agendado com o presidente russo, Vladimir Putin, na quarta-feira (16/2).
Algumas das postagens, em tom de brincadeira, tiveram amplo alcance. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi um dos propagadores das publicações.
“Biden e o mundo ocidental agradecendo Bolsonaro por ter convencido Putin a desistir da invasão, talkey?!?”, escreveu Salles, em tom de ironia no Twitter.
Outra postagem compartilhada por Salles faz uma montagem que atribui à CNN a informação de que o presidente Jair Bolsonaro evitou “a 3ª Guerra Mundial”. Em nota, a emissora afirmou não ter noticiado o exposto pelo ex-ministro.
Mais cedo, a Rússia anunciou a retirada de parte da tropa que está próxima à Ucrânia. Segundo o comunicado feito pelo porta-voz do Ministério da Defesa russo, a retirada não seria nada fora da “rotina”, uma vez que concluíram o treinamento.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri S. Peskov, considerou que o envio de mais de 100 mil soldados à fronteira com a Ucrânia desde a ascenção da crise diplomática é apenas algo “rotineiro” e classificou as declarações de países ocidentais como “exageradas”, segundo o The New York Times.
“É nosso direito realizar exercícios onde quisermos em nosso território; não precisa ser discutido com ninguém”, disse Peskov. Ele acrescentou que a Rússia sempre teve a intenção de que, quando os exercícios terminassem, “as tropas voltassem para seus quartéis. Isto é o que está acontecendo desta vez também, não há nada novo”.
Após seguidos sinais de que uma invasão militar estaria às vésperas de ocorrer, a Rússia sinalizou, na segunda-feira (14/2), que o caminho diplomático para resolver a crise com a vizinha Ucrânia ainda tem chances de prosperar.
O chanceler da diplomacia russa, Serguei Lavrov, avaliou que “há possibilidade” de “resolver os problemas”, mas que espera “contrapropostas sérias” de países ocidentais que tentam esfriar o clima. Em uma reunião televisionada com o presidente do país, Vladmir Putin, os representantes russos simularam uma discussão apaziguadora sobre o tema.
Agenda de Bolsonaro
Na viagem internacional à Rússia, devem ser tratados assuntos relacionados ao agronegócio e à defesa. A Rússia é a maior fornecedora de fertilizantes ao Brasil. Uma reunião sobre o tema com produtores e exportadores de fertilizantes será realizada na tarde de quarta-feira.
Como a titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, foi diagnosticada com Covid-19 no início da semana passada, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, e o almirante Flávio Rocha, deverão conduzir a reunião.
Também integram a comitiva o chanceler Carlos França e os ministros-generais Braga Netto (Defesa), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) e Augusto Heleno (GSI).